sexta-feira, 2 de maio de 2008

Capitalismo

Sério, algumas vezes eu me sinto um ET. O motivo? Eu gosto do capitalismo. E gostar disso hoje é uma coisa absurda. Você, para ter um mínimo de humanidade, deve abominar o capitalismo: isso já é dogma. Quando eu falo para as pessoas essas coisas, elas me acham ou estranho ou um "burguês desgraçado". O detalhe é: não sou burguês (a primeira opção prefiro não comentar...).

Introdução

O primeiro erro é encarar o capitalismo como uma ideologia, quando na verdade trata-se de um sistema social. Não podemos considerar o capitalismo como um conjunto de idéias gerais que constituam uma doutrina, até porque há várias definições para o termo. A esquerda, por exemplo, define capitalismo como o sistema que busca o lucro através da exploração do trabalhador, e que ao mesmo tempo é uma ideologia onde vários intelectuais tentam justificá-la. A verdade é que nenhum intelectual que defende o sistema capitalista o faz pelo próprio, e sim por idéias independentes que encontram dentro do mesmo pontos semelhantes.

Definição da “esquerda”

Quando me refiro à “esquerda”, quero expor o pensamento geral de marxistas, socialistas, comunistas, keynesianos, social-democratas e semelhantes. São pessoas que acham que o sistema capitalista nasceu como forma das pessoas ricas explorarem os pobres. Para isso, os ricos teriam usado intelectuais para embasar suas teorias e construir um modelo que os beneficiasse. Eles então, “criaram” a propriedade privada, que seria a garantia dos ricos terem poder e dinheiro. O sistema funciona, segundo esquerdistas, da seguinte forma: trabalhadores alienados vendem sua força de trabalho para os burgueses que pagam uma miséria de salário e exploram ao máximo para obter grandes lucros.

Esse pensamento, apesar de aceito amplamente pela meio acadêmico brasileiro como o correto, não resiste a uma análise mais profunda. Primeiro que o direito de propriedade privada foi concebido por filósofos que defendiam que os pobres tivessem direito à sua própria vida e trabalho, e que tivesse fim a tirania de reis e nobres. Esses filósofos liberais achavam que nenhuma pessoa tem o direito de tomar a propriedade que o próximo conseguiu com seu próprio trabalho, e que isso constituiria roubo. Ou seja, apesar de esquerdistas falarem que a propriedade privada dos meios de produção incentivou a colonização, isso não passa de falácia, já que os princípios éticos foram amplamente negligenciados. Se países europeus invadiram outros continentes em busca de riquezas (para isso escravizando outros povos), eles estavam, na verdade, roubando a propriedade alheia, o que constitui, segundo a ética liberal, um crime.

Em segundo lugar, há diversas teorias que provam que salários baixos e mal tratamento por parte de patrões causa uma produtividade baixa, e como, dizem os esquerdistas, esses só querem produzir mais e mais, não haveria lógica de usarem mecanismos que prejudicassem seu objetivo final. Para uma produtividade maior, há que ter incentivo para os trabalhadores, e isso está longe de tratá-los como lixo. Há que se lembrar que essas teorias nasceram dentro da necessidade do desenvolvimento do capitalismo.

É uma ideologia?

Apesar do capitalismo ter sua base na propriedade privada, que por sua vez é a base dos princípios éticos liberais, não significa que os dois são sinônimos, ou que isso prova que o primeiro é uma ideologia. Associam o capitalismo à produtividade, e realmente, acredita o autor, que pela progressão natural as trocas livres no mercado constituem parte essencial do sistema. Então, admitiremos que, além da defesa da propriedade privada, o sistema capitalista também se caracteriza pela busca de uma produtividade sempre maior (de certo modo parte do os próprios esquerdistas dizem). Porém, parte da Filosofia Liberal discorda desse ponto, pois há autores liberais que defendem que devemos produzir o bastante para sobrevivência.

O capitalismo não foi planejado por um grupo de intelectuais que incentivaram uma revolução para colocarem suas idéias em prática. Ele surgiu naturalmente, e todos, até os reis e nobres tiranos, acabaram aceitando-o. O modo de produção capitalista beneficia todas as pessoas, e elas notaram isso. Mesmo que ainda hoje em dia há pessoas que o criticam vorazmente, percebam que elas não abrem mão das benesses do capitalismo. Graças a esse sistema de produção pessoas pobres de alguns países vivem melhor que reis da Idade Média.

E a exploração?

Então, o que o autor quer dizer, é que não existe hoje exploração do empregador para com o empregado? Longe disso. Lógico que existe. Porém, não do modo como muitos imaginavam, pois o principal causador dessa exploração é o estado. Qualquer pessoa que tenha um pouco de conhecimento em economia entende que o que trava o desenvolvimento hoje de vários países são as barreiras ao livre-comércio, o que vem a questão principal: se os estados barram o livre-comércio, que é condição para um maior desenvolvimento, e que também é uma característica do sistema capitalista, por que culpam o mesmo e não os governos? Na verdade, a falta de capitalismo é que é o responsável pela pobreza em países como os africanos; pois se na África houvesse respeito à propriedade privada, livre-comércio, investimento em capital humano; enfim, o que o capitalismo pressupõe, não veríamos tanta miséria lá.

Graus de capitalismo?

Não sei o motivo de poucos perceberam, mas o capitalismo pode ter vários graus dentro de um mesmo país. Os setores mais livres são mais capitalistas. Por exemplo, o setor de calçados no Brasil é mais livre que o setor de petróleo, então o setor de calçados é mais capitalista que o setor de petróleo. Áreas com regulações maiores são entraves ao sistema capitalista. O setor de pães, menos regulado, é mais capitalista que o de telefonia, que é controlado de forma legal (segundo nossas leis) por empresários e governo.