domingo, 4 de novembro de 2007

O Elitismo Marxista





Nascido como movimento e ideologia antielitista, o marxismo se tornou, ironicamente, o sistema social com maior intensidade de formação de uma poderosa elite política. Esse fim desastroso deve-se tanto aos erros de Karl Marx quanto à vulgarização e massificação de sua doutrina.

Marx pregava o fim da propriedade privada e a formação de um sistema onde os trabalhadores dividiriam a produção de acordo com suas necessidades. A propriedade seria coletiva e não haveria "patrões": as decisões seriam tomadas em conjunto. Marx chamou esse sistema de comunismo. Entretanto, antes de chegar a esse fim, o pensador defendia uma transição liderada pelo estado que suprimisse a propriedade privada e fosse guiada pelos trabalhadores. Estes últimos tomariam o poder através do uso da violência, conquistando à força o poder estatal.

Porém, Marx falhou ao não perceber a impossibilidade do estado atender aos interesses dos trabalhadores, já que a máquina estatal era (e ainda é) a causa da pobreza dos mesmos. Aonde está fundada essa impossibilidade? Na origem do estado¹.

O estado é uma entidade controlada por uma elite política que usa seus poderes monopolísticos para atender seus próprios interesses. É a institucionalização da conquista dos fortes sobre os fracos². O governo não existe sem que um grupo político o controle, e mesmo que todo esse grupo trabalhe para resolver os problemas dos seus súditos³, ainda haverá o privilégio do monopólio, ou seja, a caracterização do domínio. Quanto mais totalitário um estado, isto é, quanto menos se admite oposição, mas fica claro esse domínio. E Marx pregava que os trabalhadores dominassem o estado e não admitissem outra posição senão a comunista. Primeiramente, nós vemos que a História mostrou que, apesar tomada do poder pelos comunistas em várias revoluções, houve, ao contrário do que Marx previa, uma centralização gigantesca formando poderosíssimas elites políticas. Há quem diga que não houve aplicação correta do marxismo, porém, a verdade é que a utilização do estado para criar uma nova idéia culminou na sua progressão natural: a formação de uma elite. Em segundo lugar, como os países comunistas não aceitavam oposição, o estado cresceu de tal forma que ficou impossível alcançar o fim último do marxismo: o desaparecimento da tutela governamental e a formação do sistema comunista.

Por esse motivo Marx foi acusado de traidor por outros autores socialistas e anarquistas: ele erroneamente pregou que o estado poderia fazer a transição para o seu próprio fim. Ao contrário da teoria marxista, os anarco-individualistas diziam que para se livrarem dos grandes proprietários protegidos pelo governo, os trabalhadores teriam que lutar pelo fim deste último, e não sua tomada e, consequentemente, engrandecimento.

¹ Depois eu vou escrever um texto só sobre a origem do estado.
² Eu indico O Estado, de Franz Oppenheimer.
³ Pois é o que na prática somos.





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